“O ser humano é uma casa de hóspedes.
Toda manhã, uma nova chegada.
Uma alegria, uma tristeza, uma mesquinhez,
Uma percepção momentânea chega, como visitante inesperado.
Acolha a todos!
Mesmo que seja uma multidão de tristezas, que varre violentamente sua casa e a esvazia de toda a mobília,
Mesmo assim, honre a todos os seus hóspedes.
Eles podem estar limpando você para a chegada de um novo prazer.
O pensamento escuro, a vergonha, a malícia,
Receba-os sorrindo à porta e convide-os a entrar.
Seja grato a quem vier,
Porque todos foram enviados,
Como guardiões do além.”
– “A Casa de Hóspedes”, poema escrito por Rumi (Mestre sufi do século XVII)
Todo Ser Humano objetiva viver em um estado de felicidade e paz interior. Instintivamente nascemos para amar e desejamos ser igualmente amados, prósperos, abundantes, saudáveis, felizes. E assim, continuamente seguimos o caminho em busca pelo “melhor”. Mas será que realmente somos preparados para o melhor? Como podemos discernir um simples desejo da mente de um profundo desejo da alma? Como saber o que é, de fato, o melhor?
O percurso em busca destas experiências nem sempre se revela algo fácil: ressentimentos, memórias negativas, traumas, sentimentos de dor, raiva, inveja, culpa, vergonha, medo, ou mesmo momentos de exclusão, vitimização, agressão, entre outras coisas que podem vir a acontecer, nos deixam com feridas profundas, e nem sempre curadas. Muitos preferem simplesmente ignorar essas feridas; outros tendem a permanentemente querer “consertar” essa dor (seja sua ou mesmo dos outros). Qual o melhor caminho?
Quando cortamos um dedo, nosso corpo ativa todo seu poder de autocura para fechar a ferida. Mas, se permanecemos coçando ou mexendo, ela não consegue cicatrizar. Assim também acontece com nossas feridas emocionais: se continuamos “mexendo”, mesmo quando a cura já fez ou está fazendo a sua parte no processo, a dor permanecerá ali, ativa, aberta.
Faça um pequeno teste: Reflita por um instante quantas vezes você tentou contar a alguém uma dificuldade que estava tendo, e, imediatamente, o ouvinte passou a lhe contar uma experiência “pior”, já lhe dando conselhos sobre como resolver a questão, sem mesmo escutar o final da sua história? #fato
Neurocientistas explicam o fenômeno: este comportamento provém dos chamados “neurônios-espelho”, os quais permitem que possamos entrar em ressonância com o que outra pessoa sente a partir de seu relato. Então, para encurtar a sensação de dor, já queremos pular para a fase de cura, ou mesmo para outro assunto. Quer uma sugestão? Invista no seu autoconhecimento. Compreenda o poder que a aceitação e o perdão podem trazer para sua vida.
É importante ressaltar que aceitar uma experiência não significa concordar com ela, mas sim nos conceder o direito de experimentar e aprender com o que aconteceu, reconhecendo o que nos é ou não benéfico. Um meio de conseguirmos isso é tornando-nos observadores atentos dos efeitos de nossas experiências. Tudo o que decidimos ou não, fazemos ou não, falamos ou não, e até mesmo o que pensamos e sentimos, nos traz consequências.
São muitas as relações que existem entre o escutar e o sentir. Ambos também possuem profunda conexão com o grau de presença que vivenciamos em cada uma de nossas relações. Escutar e sentir com o corpo, e não somente com a mente, integrando-os, é um constante desafio em um mundo com tantos estímulos e informações.
E será que estamos dispostos a acolher ou mesmo liberar nossas emoções negativas? Para sermos inteiros, devemos lembrar que somos seres compostos por luz e sombra (como já nos dizia Jung). Para que a luz resplandeça, a sombra deverá ser integrada também, em igual proporção.
Será que temos coragem de deixar nossas máscaras de lado, e vivermos como quem de fato somos, sem constantemente querer nos proteger ou esconder? Só depende de você tomar as rédeas da sua vida, ao invés de deixar seu ego controlá-la. Escolha usar seus poderes de forma diferente.
Quer mais uma dica? Perdoe. Dê essa chave ao seu passado, especialmente a si mesmo. Tenha uma vida completa, sem cortes. Você perceberá que sua evolução será acelerada, e seu estado de presença aumentará exponencialmente.
Com amor,
Lyz