“A reclusão e o isolamento estão associados, para muitas pessoas, a tédio, solidão, medo e depressão. Não é de se admirar que sistemas penais do mundo todo utilizem o confinamento solitário para punir prisioneiros indisciplinados! Mas porque as pessoas acham o isolamento e a inatividade angustiantes? Na ausência de distrações ficamos frente a frente com nossa própria mente, e se ela estiver seriamente desequilibrada, sentiremos implacavelmente os sintomas dessas aflições mentais, sem amortecimento, sem distrações, e sem ter por onde escapar.”
– Allan Wallace – A Revolução da Atenção
Hoje nossa reflexão é sobre solidão. Do latim solitudnem, solus, significa estar sem ninguém, sozinho ou solitário. Uma sensação que pode estar presente até mesmo quando estamos acompanhados, ou em ambientes com outras pessoas. Quem nunca se sentiu assim em uma festa? Ou em um almoço? Ou ainda, andando pela rua? Eu já, várias vezes.
Entendo que estar sozinho é diferente de sentir solidão. O primeiro envolve o prazer de se estar em sua própria companhia, sem nos sentirmos isolados. Trata-se de uma escolha, uma espécie de “fechar os olhos” para encontrar algo precioso dentro. Um silêncio. Um espaço. Uma liberdade emocional, por um caminho que só você pode percorrer. Já a solidão, por outro lado, traz a sensação de vazio, de exclusão, de carência. Geralmente, ela chega preenchida por sofrimento, trazendo muitas vezes dores que se manifestam em nosso corpo físico.
Para termos uma ideia, um estudo recente da Universidade de Chicago acompanhou mais de 2 mil pessoas acima dos 50 anos pelo período de 6 anos, e descobriu que a solidão extrema tem o dobro de chance de ser a causa de morte entre idosos quando comparada à obesidade ou hipertensão. Aqueles que relataram se sentir solitários tinham um risco 14% mais alto de morrer. Outros estudos sugerem que a solidão extrema é ainda mais perigosa que o fumo. Trata-se, portanto, de uma dor que atinge o nosso corpo social, ao qual nem sempre damos tanta atenção.
Uma ferramenta que podemos cultivar para nos mantermos saudáveis neste sentido é a compaixão, que significa a vontade profunda de aliviar o sofrimento do outro, por meio de uma ação compassiva. Ao nos sentirmos úteis a alguém, trazemos sentido ou propósito para a nossa existência, fortalecendo vínculos e dissolvendo barreiras que nos levam ao isolamento ou à sensação de desconexão.
O que você pode fazer hoje para permitir que o seu coração toque o de outra pessoa, ainda que estejam fisicamente distantes (seja em função do distanciamento social ou por outra necessidade)? Como você pode manifestar um ato de bondade, e quem sabe, contagiar assim outras pessoas?
Vamos fazer algo compassivo hoje, de coração aberto. Quem sabe uma mensagem na porta do vizinho? Um mimo? Use a criatividade. Agradeça pela conexão que existe, que é possível.
Boas reflexões
Com amor,
Lyz